domingo, 28 de novembro de 2010

RECORTES DA ENTREVISTA - JIM COLLINS



Esta semana a Revista Veja ( 1/12/2010) publicou uma excelente entrevista com Jim Collins, um dos maiores pesquisadores sobre tendência de gestão no mundo e considerado o herdeiro direto de Peter Drucker. Nessa entrevista ele fala sobre: crise, empreendedorismo, Brasil, liderança e empresas que dão certo.

Autor de vários livros sobre management e mais recentemente escreveu "Como as gigantes caem", já vendeu mais de 6,5 milhões de livros ao longo da sua carreira e cobra 60.000 dólares por 45 minutos de palestra. Dos cerca de vintes convites que recebe para ministrar palestra, geralmente aceita um.

Aqui destaco as principais reflexões do autor na entrevista concebida a Revista Veja e que tem como objetivo refletirmos sobre o futuro do management.

1. SOBRE CRISE E CAPITALISMO

"Existem várias forças que contribuem para a instabilidade. O mundo está mais complexo e mais interdependente. As empresas não são as únicas forças globalizantes (p.21)."

"Temos ainda a marcha contínua da mudança tecnológica na medicina, na eletrônica, na bioengenharia, na computação, criando coisas que nem imaginamos (p.21)."

Sobre os empreendedores brasileiros ele disse "Fiquei impressionado com a naturalidade e o relativo conforto com que eles lidam com incerteza, tratando-a não como exceção. mas como um dado da vida (p.24)".

Ainda sobre o empreendedorismo brasileiro ele acrescenta... "mas o que me chamou atenção foi a RESILIÊNCIA deles, como se nunca entrassem em pânico... (p. 24)."

"A INCERTEZA É ESTRESSANTE, MAS NÃO PODE SER PARALISANTE (p.22)."

Finaliza essa parte dizendo "há outro aspecto relevante que faz Índia e Brasil sobressaírem no cenário mundial, a CRIATIVIDADE (p. 24)."

2. SOBRE EMPREENDEDORISMO & LIDERANÇA

"a autoconfiança [primeira característica do empreendedor] não deve ser confundida com a do Super-Homem... falo como sinônimo da FÉ INABALÁVEL de que as coisas vão dar certo, e não do sujeito que se julga capaz de superar qualquer obstáculo (p.25)."

"O Paradoxo de Stockdale [em homenagem ao oficial americano que passou anos em campos de concentração] nos ensina que, de um lado, é preciso ENCARAR OS FATOS, as DIFICULDADES, sem rodeios. Por outro lado, é preciso ter  FÉ ABSOLUTA, férrea, de que os obstáculos serão superados (p.25)."

"A autoconfiança é essa combinação de reconhecer a dureza da realidade e conjugá-la com uma fé de Churchill [ex-primeiro ministro do Reino Unido durante a segunda guerra mundial] (p. 25)."

Ele diz: empreendedores "não confunda sua empresa com seu produto. A maioria dos seus produtos não vai decolar, mas isso não deve selar o destino de sua empresa (p. 25)." Segue alguns exemplos:

A) A SONY - Logo depois da Segunda Guerra Mundial, em 1946, começou a funcionar nas ruínas de um prédio bombardeado em Tóquio, e seu primeiro produto foi uma panela elétrica para fazer arroz. Não deu certo, mas empresa seguiu em frente (p. 25)."

B) HEWLETT-PACKARD (HP) - Seus primeiros 08 (oito) produtos não funcionaram.

C) Os primeiros aviões da BOEING não foram bem sucedidos e, por um tempo, os funcionários tiveram de trabalhar fazendo móveis e não avião.

D) O primeiro filme do WALT DISNEY foi um fracasso.

"SEU PRODUTO PODE FRACASSAR, MAS NEM POR ISSO SUA EMPRESA SERÁ UM FRACASSO (p. 25)."

"Os melhores líderes empresariais se movem quase do mesmo modo que os artistas. Eles querem CRIAR, CONSTRUIR algo verdadeiramente excepcional, que tenha impacto no mundo (p. 25)."

"A CRIATIVIDADE serve para começar, mas, se o maluco criativo não tiver um lado de CONSTRUTOR, de ORGANIZADOR, ele ficará no meio do caminho (p. 25)."

"Sam Walton [ fundador do Wal Mart] dizia que "tinha personalidade de um promotor de vendas e de um criador, mas a alma de um operador (p. 25)"

"A habilidade de operar, de construir, de organizar um sistema é que o levou tão longe. Não se fala muito disso porque é chato, requer disciplina, paciência, esforço, mas essa é a verdadeira história do sucesso americano (p. 25)."

Fonte: Revista Veja - 1/12/2010.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Novas Figuras de Subjetivação

Joel Birman, psicanalista carioca e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro abordou ontem à noite (15.11) no programa "Invenção do Contemporâneo" as novas categorias subjetivas que marcam as nossas vidas.
O psicanalista usou duas categorias de fácil acessibilidade ao entendimento do que acontece no contemporâneo. A primeira foi a  PRESENÇA. O que é se apresenta aos nossos olhos na experiência subjetiva contemporânea?

1. CORPO: A apologia ao culto do corpo perfeito dá a impressão aos novos sujeitos a sensação de que sempre estamos devendo alguma coisa, isso impulsiona o sujeito a buscar sempre uma melhor performance corporal. Birman diz que na contemporaneidade a saúde é o nosso bem supremo, uma categoria cara ao filosófo Aristóteles. O crescimento das patologias psicossomáticas, onde o corpo é o teatro dos sintomas forma a gestão do corpo se torna fundamental para esse novo sujeito. Segundo o autor a Sindrome do Pânico é a doença corporal por excelência, onde podemos ser pegos pela iminência de morte como uma das prima dona do mal estar atual.

2. AÇÃO: As novas figuras contemporâneas aportam nas categorias da violência, agressividade, criminalidade e crueldade. A segunda grande prima dona é a compulsão sela ela pelo consumo de mercadorias, drogas, comida, trabalho e etc. O impulso para agir reflete o grau de angústia despertado pelo superego do sujeito.

3. SENTIMENTO: As variações de humor nas pessoas com elevados momentos de euforia e tristeza representa o caráter hiperbólico das novas psicopatologias e neste cenário a depressão é a neurose do século XXI diferente da histeria do século XX.

O autor então faz o fechamento do seu raciocínio com a categoria da AUSÊNCIA. O que está ausente no laço social contemporâneo?

1. LINGUAGEM: Segundo o autor as metáforas contemporâneas de movimento que apelam para fragmentação da vida, falta de unificação e intensidades sem controles é o reflexo da falta de mediadores simbólicos. No lugar da linguagem e da fala as pessoas agem, esse é o campo perfeito para compulsão, transtornos de humor e depressões.

Desta forma o resgate ou a manutenção da linguagem como meio de barrar os impulsos que se apresentam de forma violenta no corpo é uma estratégia saudável no processo de re-humanização do laço social.

Referência bibliográfica.

Birman, Joel (2010). Programa Invenção do Contemporâneo em 15.11.10.