domingo, 13 de julho de 2014

"Somos todos Alemanha desde criancinha"? - Sobre a colonização dos afetos

O filósofo Baruch de Spinoza (1632-1677) foi um dos grandes pensadores racionalista do século XX e escreveu um dos livros mais interessantes que reluz no século XXI denominado "Ética". Relendo este tratado sobre os afetos para elaboração de um dos capítulos da minha tese de doutorado em psicologia clínica, verifiquei que a psicologia antes de uma ciência do comportamento é uma ciência dos afetos. Para inaugurar este novo espaço para compartilhar conhecimento e opiniões sobre meu campo de pesquisa entre psicanálise e cultura, resolvi escrever um breve ensaio sobre a colonização dos afetos com base na tese de Espinoza dos afetos e da propaganda com base no irretocável trabalho de colonização afetiva da seleção da Alemanha sobre os brasileiros.

De maneira sucinta e objetiva o filósofo ressalta na sua "Ética" duas maneiras básicas de lidar com as paixões, sendo uma advinda dos artefatos e objetos (das coisas e símbolos) e aquelas que constitui nossos valores, crenças, superstições pra não dizer "inconsciente". No tocante ao futebol, não sou uma das melhores pessoas para analisar o desempenho tático de uma equipe, afora o resultado final advindo do saldo de gols, outros fatores operacionais relacionadas as jogadas, marcações e faltas não faz parte do meu olhar analítico. No mínimo eu consigo compreender a psicodinâmica dos jogadores em campo, movidos pelas suas paixões, crenças e objetivos.

Gustave Le Bon escreveu um livro famoso que fez a cabeça de Hitler e perturbou a cabeça de Freud. O livro aborda as diversas estratégias que podem ser usadas para manipular as massas. Da sua leitura Hitler concluiu que a "multidão é mulher" e Freud que ao aceitar fazer parte de uma massa teremos inevitavelmente que perder parte da nossa individualidade, ou seja da nossa estrela pessoal. É por isso por exemplo que uma frase recorrente dita pelos comentaristas esportivos é que o Brasil tem Neymar, a Argentina tem o Messi e a Alemanha tem uma "equipe", ou seja, sem um mito ou uma estrela de destaque. Pelo bem comum, somos uma equipe.

Outro aspecto interessante na análise do time da Alemanha é o uso impecável da propaganda para colonizar os afetos dos brasileiros desde a chegada ao nosso país. Alguns elementos são interessantes:

1. Construção de um centro de treinamento na Bahia, coincidência ou não a história demonstra que foi lá em Porto Seguro que Pedro Alvares Cabral atracou em 1.500 sua nau;

2. A travessia de balsa como ritual de chegada a uma  terra "virgem" num local "inédito"construído apenas para eles treinarem;
Fonte: Radar64

3. O uso de imagens e comportamento, tipica da colonização Alexandrina de se envolver com a comunidade, dar-lhes emprego, moral e uso das suas crenças e verdades;


Fonte: R7

4. Assim como as igrejas e os fortes deixados pelos colonizadores, os alemãs deixarão para posteridade o seu centro de treinamento que pode vir a se tornar qualquer coisa que implique uma relação afetiva com a comunidade local de Santa Cruz de Cabrália;

Fonte: Portal2014

Finalmente eles emplacam um vídeo que se tornou viral para homenagear a nossa terra e o nosso povo com uma música de Caetano Veloso chamada "Tieta" e deixa todos com os afetos a flor da pele, só confirmando a hipótese de que a multidão é mulher, ou seja, afetos.

Fonte: YouTube

Assim, além de uma belíssima atuação técnica, os alemães através de uma impecável campanha de marketing colonizaram os nossos afetos e hoje todo mundo é "Alemanha desde criancinha", uma frase fortuita que ilustra bem nosso desejo masoquista de ser colonizado, conquistado e enaltecido pelos outros.
Esse texto não é uma crítica a seleção da Alemanha, mas uma reflexão do lugar que ocupo na cidade e que devo ao meu olhar apenas ressaltar, quando possível o que está oculto nos discursos proferidos. Assim como é uma análise pessoal, está cheia de furos, enganos e outras possibilidades de análise.

Jorge Gomes. Doutorando em psicologia clínica pela Unicap. 

quinta-feira, 10 de abril de 2014

I SIMPÓSIO DE PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO
23 de abril de 2014
Auditório Capiba, Recife-PE
Manhã e Noite

Mesa 01 - (Manhã) 09h ás 12h

a)      Programas de qualidade de vida: a experiência do Banco do Brasil, Aline Gomes, Psicóloga do BANCO DO BRASIL

b)      A saúde do trabalhador como estratégia organizacional: a experiência da CHESF, Laura Pedrosa, Psicóloga da CHESF (Companhia Hidroelétrica do São Francisco)


c)      Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST): a experiência do psicólogo do trabalho no setor público, Diana Nunes, Psicóloga do CEREST/JABOATÃO DOS GUARARAPES

Mesa 02 (Noite) - 19h ás 21h

a)      Como a psicologia pode contribuir para tornar as organizações um lugar melhor para trabalhar? Renata Moura, psicóloga e gerente de Recursos Humanos da ACRIPEL Distribuidora de Medicamentos

b)      A experiência do DiSC® na seleção por competências. Rizalva Andrade, psicóloga e coordenadora de RH da DAT Consultoria.

c)     Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST): a experiência do psicólogo do trabalho no setor público, Diana Nunes, Psicóloga do CEREST/ JABOATÃO DOS GUARARAPES


Link para inscrição

https://docs.google.com/forms/d/1yyMAK1H68Lvrw4m2v3qTbxPw59_fRsFrekFLae4ctDk/viewform

Realização: Curso de Psicologia da UNINASSAU


domingo, 5 de maio de 2013

Ciclo faixas e insights

Hoje experimentei a ciclo faixa móvel do Recife e pude tirar algumas conclusões sobre o benefício de "viver a cidade" e não amar a cidade como propõe a campanha publicitária da Prefeitura do Recife, porque o amor aliena e neste caso mais que amar precisamos VIVER a cidade, para percebê-la nos seus problemas, nas suas nuances e coisas positivas. Vamos aos benefícios:

1.  Sair do encapsulamento virtual e viver na carne os problemas, detalhes e belezas da cidade. Desligar o celular, a tv, o computador, o video game, o tablet e VIVER as ruas.

2. Conhecer gente nova, diferente, que reclama, que elogia, que vibra, que descobre, que se encanta, se desencanta e dá vida a um Recife sem vida nos finais de semana.

3. Treinar limites. Respeitar sinalização, andar na sua "faixa" e com isso educar.

4. Criar uma nova estética para cidade.

5. Amadurecer como cidadão vivendo além redes sociais.

6. Ver novas oportunidades de negócios surgindo e os mais empreendedores aproveitando, quiosques de conserto de bike, por exemplo.

7. Perder peso, pois pedalar faz bem a saúde (mente e corpo). Em breve teremos uma epidemia de obesos na cidade.

8. E o mais importante de todos, as pessoas estão em busca de novas experiências e a ciclo faixa atende essa expectativa. Quem entender isso está conectado com o contemporâneo.


terça-feira, 11 de outubro de 2011

Empresas Líquidas

Fonte: Google Imagens

Lacan (1975) postulou na Universidade de Milão, que o laço social, a forma como nos dirigimos ao outro (semelhante) e ao Outro (cultura) mudaria completamente, mediante a ascensão ou mutação de um novo discurso social.
Anteriormente, no Seminário XVII o próprio Lacan havia formulado a teoria dos 4 discursos (mestre, histérica, analista e universitário) como ferramentas para adesão ao laço social. O primeiro através da autoridade, o segundo pelo sintoma, o terceiro pela abstinência e o último pelo saber. O quinto discurso, chamado de capitalista, é alçado ao grau de consumo. O sujeito neste discurso está pronto para consumir e produzir objetos de consumo.
Neste cenário, as empresas foram gradativamente incorporando tal lógica ao seu protagonismo mercadológico o que influenciou substancialmente seus modelos de gestão. Com o quinto discurso o que era sólido, como as grandes instituições de mestria (Igreja, Estado, Monarquia e Fábricas) declinaram frente o imperativo do consumo. 
Neste cenário, no qual o sólido torna-se líquido, as empresas do século XXI tem um grande desafio para enfrentar o apetite do consumidor. Com base na inovação constante, não é mais apenas as empresas de tecnologia e da moda, que operacionalizam essa lógica. Hoje, todas as empresas que desejam permanecer no mercado, deverão se ajustar a uma lógica liquida, que baseada nas ideias do sociólogo Zygmunt Bauman, antes mesmo de uma estrutura consolidar-se ela entra em colapso para dar vazão a novos modelos, sempre provisório e que duram, enquanto durar o apetite do consumidor.
Um exemplo da lógica dos modelos de gestão liquidas em prática é o caso da Apple, que em menos de um ano lançou uma nova versão do Ipad e do Iphone 4. Só neste último em menos de uma semana de lançamento já vendeu 1 milhão de aparelhos, 400 mil a mais que no ano passado na época do seu lançamento oficial.
As empresas que desejam se manter vivas, devem tornar seus processos flexíveis e engendrar a inovação com bases práticas para manter a expansão dos seus produtos e serviços, exigindo assim, novas ferramentas e modelos de trabalho. A geração Y provavelmente responderá com mais eficiência e eficácia, mas é necessário uma parceria constante entre as gerações para promoção de avanços nos modelos de trabalho, principalmente na inovação.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Alunos Classificados - LABY 2011.2 e 2012.1

Os alunos classificados deverão comparecer para reunião inicial dia 13.10 ás 17h30 na sala 10. Os demais candidatos ainda poderão participar do LABY, depois da reunião de esclarecimento das atividades do laboratório, pode ocorrer de algum aluno não comparecer a reunião ou desistir do processo, sendo assim o 16o. será convocado e assim sucessivamente:

Bianca Roberta de Souza - Gestão em Recursos Humanos
Andreza Marinho de Lima - Gestão em Logística
Daniela Figueirêdo Pacheco - Gestão em Recursos Humanos
Eraldo José Farias - Gestão em Processos Gerenciais
Teresa Flora de Oliveira - Gestão em Recursos Humanos
Maria Conceição Bezerra - Gestão em Recursos Humanos
José Rodrigues Sabino - Gestão em Recursos Humanos
João Gabriel Meira Souza - Gestão em Logística
Edneusa Lopes Pereira - Gestão em Recursos Humanos
Luciana Regina Santos - Gestão em Processos Gerenciais
Vanusa de Holanda Lopes - Gestão em Marketing
Luana Luiza da Silva - Gestão em Recursos Humanos
José Custódio da S. Neto - Gestão em Marketing
Katarina Correia Bezerra - Gestão em Recursos Humanos
Leonardo Cabral - Gestão em Marketing

Parabéns a todos os participantes!

Prof. Jorge Gomes

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Profissional da Geração Y chega aos cargos de chefia



A chamada Geração Y - composta por pessoas nascidas entre 1980 e 2000 - está dominando o mercado. E está sendo cada vez mais comum profissionais dessa faixa etária assumirem funções estratégicas nas empresas. Segundo pesquisa do Staton Chase International/Grupo Foco, atualmente 25% dos cargos de chefia são ocupados por jovens dessa geração, que possuem como principais características o poder de liberdade de expressão, o alto investimento em educação e a elevada expectativa em sua carreira.



De acordo com o diretor Acadêmico e coordenador do Laboratório de Estudos sobre Gestão e Geração Y (Laby) da Faculdade IBGM, Jorge Gomes, esse cenário é fruto justamente do investimento na educação realizado pelos jovens profissionais. “Eles buscaram se dedicar a cursos de qualificação profissional, a aprimorar idiomas estrangeiros, a fazer intercâmbios. Além disso, são intraempreendedores, inovadores e costumam quebrar paradigmas. Tudo isso deu a eles uma grande bagagem e os tornou capazes para assumir grandes responsabilidades”.

Junto a isso, surgiu uma nova forma de liderar. “Se antes os modelos de gestão eram fechados, hoje estão mais abertos. Até a forma de ver o concorrente se transformou; ele pode se tornar um parceiro. A administração está vinculada à ideia de conexão, além do uso do marketing digital e das redes sociais”, analisa o professor.  Se, por um lado, essa chefia jovem proporciona um novo ânimo às decisões estratégicas da empresa, por outro desperta conflitos nos colaboradores mais velhos, que se sentem mais preparados - e merecedores - desse lugar. Como resolver, então, essa questão?

É daí que vem o retorno da palavra parceira. É preciso que cada um veja o outro como colega de trabalho. “O funcionário da geração anterior, a X, deve se colocar ao lado, e não acima, na posição de um mestre. A sua atuação diante do jovem é como a de um coach (preparador). Ele vai orientar e se colocar à disposição. Confesso que o movimento de adaptação é muitas vezes impulsionado pelo funcionário mais velho do que pelo da Geração Y, que possui como marca o individualismo. Mas, ao mesmo tempo, o jovem reivindica um feedback sobre sua performance profissional e aí pode encontrar um grande aliado”, declara Jorge Gomes.

Mas, para se manter no cargo, o jovem profissional precisa desenvolver competências que, a princípio, parecem contraditórias à marca da Geração Y, como ter paciência. “Gerenciar ansiedade é o principal desafio dessa nova chefia. Mas é fundamental para o aprimoramento de uma visão estratégica”, orienta o diretor Acadêmico da Faculdade IBGM.

COMPETÊNCIAS DA JOVEM CHEFIA
1 - Estabelecer relacionamentos de parceria
2 - Ter paciência
3 - Desenvolver visão de negócios
4 - Estudo constante e atualizado
5 - Dominar um segundo idioma
6 - Manter rede de relacionamentos
7 - Ler diariamente jornais e revistas
8 - Saber se comunicar


*Matéria concedida a jornalista Priscila Santos e publicada na Folha de Pernambuco (04.10.11)

terça-feira, 27 de setembro de 2011

II Marketing em Debate



O "Quinto Discurso" convida todos os seus seguidores para participar dia 06.10 do II Marketing em Debate da Faculdade IBGM.